O Eléctrico de Sintra
sexta-feira, 30 de abril de 2010
A 31 de Março de 1904, fica pronto o primeiro troço, entre a Vila de Sintra e Colares. Meses depois, alarga-se o trajecto até à Praia das Maças e, em 1930, o Eléctrico chega às Azenhas do Mar, perfazendo um total de 14.600 metros. Ao que parece, o principal dinamizador deste projecto foi Camilo Farinhas, que faleceu em 1946.
Mas a grande reviravolta dá-se em 1996, quando a Câmara de Sintra decide apostar novamente no Eléctrico, reabrindo o troço da Ribeira à Praia das Maçãs. É importante referir que na Ribeira existia uma Garagem dos Carros Eléctricos, no edifício onde hoje se encontra o Centro de Ciência Viva.
De facto, não há dúvida que o Eléctrico é uma marca de Sintra e por tal facto merece ser acarinhado e dinamizado. Mas a verdade é que nos dias que correm ele serve apenas como um entretenimento para reviver o passado. Por isso, é questionável o investimento avultado num percurso tão extenso. Ainda para mais, quando reconhecemos que muitas das obras de requalificação são dispendiosas, implicando a construção de muros de contenção de terras, alguns deles mal dimensionados, como constatamos no percurso da Ribeira – Galamares, onde a chuva deste Inverno empurrou as terras para a linha.
Não seria preferível limitar o trajecto à zona mais saloia e mais bonita, que pela sua envolvência cativa qualquer passageiro? E apostar no percurso do Banzão até à Praia das Maças, porque é sem dúvida o mais bonito? Como sugestão, poder-se-ía recriar personagens do século passado em teatros encenados nas carruagens, que embelezariam ainda mais essa experiência. Por que não aproveitar esse percurso e contar um pouco da história centenária do Eléctrico, de uma forma interactiva e pedagógica? Por que não arranjar os terrenos que circundam esse trajecto, com belos e pensados arranjos paisagísticos, pondo fim às teimosas ervas que crescem e obrigam os funcionários da Câmara a queimá-las com produtos químicos, que em nada abonam para uma cultura de protecção e defesa do meio ambiente?
Também vale a pena mencionar que os postes dos cabos do Eléctrico, colocados ao longo do percurso actual, são imensos e não passam despercebidos. Será que não haveria outra solução que não ferisse tanto a paisagem? Cremos que sim!
Por fim, há que deixar uma opinião de quem cá vive e fica desagradado com o barulho que o Eléctrico faz, sobretudo nas curvas, uma chiadeira constante, mais irritante no Verão, que incomoda quem procura a tranquilidade e o silêncio do contacto com a natureza.
O Chá de Sintra considera que este projecto pecou pelo facto de ter sido demasiado ambicioso. É preciso ouvir quem cá vive e ama Sintra. Por isso, aqui fica a nossa sugestão: optem por um percurso mais curto e mais bonito!
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