Sintra Caprichosa

terça-feira, 29 de junho de 2010

Para quem ache que o nevoeiro adensa o mistério, há já três dias que Sintra anda bem misteriosa! O sol não nos visita e a serra está envolta por um manto branco em que quase conseguimos tocar.

Pelos últimos dias, Sintra parece indiferente à chegada do Verão, como que ignorando todos os que nela se refugiam, não só em busca da beleza, mas também do sol e da praia, que a proximidade de Julho sempre pressupõe. Parece ter querido pincelar-se a si própria em tons cinzentos...

Mas, também aqui, Sintra é única! Parece dizer ao mundo, o que eu tenho é só meu! Na verdade, quem ontem visitasse Sintra, vindo das vizinhanças de Cascais, onde o sol chegara logo pela manhã, podia contemplar este magnífico cenário.

                            
                           
                           
Como o dia era propício, o Chá de Sintra andou por aí a registar algumas mesclas cinzentas. As da natureza, e as que o homem tão bem sabe pintar. 

                         
Ainda que caprichosa, Sintra é única,  intensamente bela e misteriosamente encantadora!

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A Praia Grande continua Pequena!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Em época de crise, nada parece escapar, nem o tempo. O Verão chegou há dois dias, mas pobrezinho. Pelo menos, aqui por Sintra. O sol acorda tarde, não fica por cá o dia todo, o vento continua a fazer-lhe companhia a espaços e o calor, nem por isso…Mesmo assim, o Chá de Sintra foi à praia. Voltámos à Praia Grande!

Em Abril, mostrámos aqui como a Praia Grande se tinha transformado, como a areia tinha sido engolida pelo mar, deixando a descoberto rochas e rochedos. Em suma, como a praia estava pequena! Na altura, embora confiando que o mar devolvesse alguma areia, já achávamos que dificilmente se passaria sem intervenção humana para resgatar a nossa praia. Desde então, de quando em vez, passamos por lá. Tomamos um café, damos uma espreitadela, ouvimos opiniões de quem ali trabalha há muitos anos. E as nossas suspeitas quase viraram certezas. O mar não só não devolveu a areia que tirou, como teimosamente, parece persistir em ir tirando mais. A Praia Grande está efectivamente pequena.





E até os mais optimistas, aqueles que diziam conhecer bem a praia e defendiam que se esperasse por Maio para tudo voltar ao normal, já não se mostram tão seguros de que tal venha a acontecer. Até porque, Maio já lá vai! O mês de Junho decorre, a época balnear há muito que abriu e a praia permanece neste estado




As rochas continuam à vista de todos, como que dizendo, agora é a nossa vez, não nos deixamos tapar!



Os poucos toldos que por lá existem foram colocados na parte de cima, já que o seu lugar habitual está ocupado pelas rochas e pelo mar.




Os nossos meninos iniciaram a época de praia, como vem sendo tradição há vários anos. Mas para o poder fazer, a escola teve de se deslocar uma boa dezena de metros e ficar confinada a um espaço bem mais reduzido. O único, aliás, com dimensão para os abrigar.



O Chá de Sintra falou com algumas das pessoas que ali trabalham. Alguém nos disse que, em 70 anos, nunca viu a praia assim. E é com grande preocupação e também amargura, que nos dizem ainda acalentar esperança de que tudo volte à normalidade nos próximos dias…
Por tudo o que hoje vimos, duvidamos. Alguma coisa se deveria ter feito, para além do tractor que por lá andou a espalhar melhor a areia. Os alertas foram muitos. E todos sabemos não se tratar de um problema exclusivo da Praia Grande. O problema existe, com intensidade diversa, é certo, ao longo de toda a nossa costa marítima. Recentemente, o climatologista Filipe Duarte Santos, afirmou que “quase 70% da nossa costa está em risco de perder terreno”. Mas nada fazemos para o evitar, nada fazemos para prevenir os efeitos das alterações climáticas.
Parecemos apenas esperar que o mar seja generoso, se lembre de nós e nos devolva a areia que já foi nossa…

Já agora, na Praia Grande, os muros continuam em baixo, e as obras, se é que existem, porque o único indício é uma retroescavadora que por lá se vê parada, há muito que deveriam ter sido feitas.




É que há dias em que não parece estarmos quase em Julho, mas o calendário não engana!


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Um Pequeno País de Grandes Feitos!

terça-feira, 22 de junho de 2010

O Verão chegou ontem e ontem foi também o dia mais longo do ano. Por isso, hoje tinha decidido falar de praia. Mas como falar de praia, assunto desprovido de qualquer relevância para as nossas vidas, quando comparado com a festa em que o país mergulhou e navegou? Ontem, foi o dia dos SETE! O número de golos com que a nossa fantástica selecção despachou para casa os pobres jogadores coreanos, orientados por um seleccionador que tinha achado o primeiro jogo dos portugueses, “um grande aborrecimento”. Ora, pois, só quem não nos conheça mesmo… podemos ser muitas coisas, como melancólicos, saudosistas, ou mesmo, descrentes e maldizentes, mas aborrecidos? O resultado está à vista e se há coisa que não se pode negar é que o jogo de ontem foi uma animada festa, um enorme divertimento, daqueles a que nem estamos habituados. Eu falo por mim, pois entre os festejos de tanto golo até tive algumas dificuldades em tomar o cafezito que se passeava na chávena. Tenho uma amiga que até já achava demais, chegou a ter pena dos coreanos e a manifestar preocupação com o que os aguardará à chegada…Mas isso não nos diz respeito, o que interessa é que foram sete golos e larguíssimos minutos de alegria! Repararam bem naquele golo do nosso Cristiano? O mundo viu como a bola deslizou por entre as costas e a cabeça do rapaz? Pensam que isso aconteceria em qualquer outra cabeça? Claro que não! Nem em 10 mundiais, o Messi conseguiria semelhante proeza!







Mas os sete golos com que brindámos os coreanos, e que à noite já eram para aí uns trezentos, tantas as vezes que foram repetidos nas nossas televisões, trouxeram-nos alguns incómodos.
É que os golos foram marcados por aquele grupo de rapazes que não foi lá fazer nada, à África do Sul, entenda-se, e que são orientados por aquele “professorzeco” que nada percebe de futebol. Também, aqui para nós, não lembraria ao diabo, ir buscar um professor para treinar a nossa selecção! Ainda para mais, logo a seguir àquele santo popular, o Scolari. Aquele que depois de ter pedido para estenderem e desfraldarem as bandeirinhas, ficou a um passo da beatificação. Ainda hoje estou convencida que a mesma só não ocorreu, porque o homem, para além de não ser burro, também não era de ferro, e quando as coisas não corriam bem, em vez de falar de talas e do estado da relva, acertava um soco aqui e uma chapada acolá, bem mais ao jeito português! Tinha ao seu dispor a melhor selecção dos últimos tempos, mas nunca ganhou nada! A sorte do professor é que os gregos já foram para casa, porque se perdesse um jogo com eles, quase que o aconselhava a voltar, mas com os coreanos! Mas o São Scolari tinha fé! Nas horas vagas, rezava e pedia à Nossa Senhora do Caravaggio, certamente prima da nossa Fátima, para que os rapazes não o deixassem mal visto. E quer queiramos, quer não, isso traduzia-se numa grande sintonia com a maioria dos fervorosos adeptos, que sempre acaba por achar que quando Portugal não ganha, Deus só pode estar de férias ou a castigar-nos pelas malfeitorias dos nossos governantes. Ultimamente, Deus tem mais outra forte razão para nos castigar: fomos buscar o Carlos Queiroz.





Bem, dizia eu, que os golos também nos trouxeram incómodos. Esta sim, é uma sina muito nossa, nunca conseguimos usufruir das coisas na sua plenitude! Pois é, imaginem o dilema de todos aqueles, e são muitos, entre jornalistas, comentadores, “opinadores”, treinadores de bancada e mesmo de banco, que até hoje não conseguiram conter a discordância, o fel, a dor de cotovelo, ou mesmo a frustração por não terem uma profissão bem sucedida ou tão fantástica como esta, em que só tem de se adivinhar a melhor forma de os rapazes acertarem na baliza. Ainda por cima, muito bem paga e sempre se aparece todos os dias na televisão.
Quanto mais penso neles, e são tantos, mais me pareço com o seleccionador coreano! É que sinto um aborrecimento… coitados, como vão eles conseguir organizar o discurso que há meses lhes sai tão fluente? Vistas as coisas, não sei se este foi um bom resultado para o país. E muito menos para o Professor. É que, a partir de agora, aqueles “malandros que não se esforçam nem correm”, e quando o fazem é à frente e não atrás da bola, mal orientados e pouco disciplinados por um homem que não reza a virgem nenhuma, são os maiores! Ah, pois é! Quando querem, são os maiores! Ninguém já tem dúvidas sobre quem leva a taça! Ai deles que não sejam os últimos a chegar, com a tacinha na mão!
Quem, até hoje, conseguiu ficar na história de um campeonato do mundo, e logo de futebol, por ter enfiado sete vezes a bolinha na baliza? Além de nós? Ninguém, claro! Os grandes feitos são nossos! País pequeno, mas de grandes feitos!

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A Bibioteca Infantil e Juvenil de Sintra

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Esta semana, o Chá de Sintra foi espreitar a Biblioteca Municipal e descobrir as surpresas por lá guardadas, que agradam e preenchem os corações das crianças, jovens e adultos do concelho.
A Biblioteca funciona no antigo palácio Casa Mantero, datado do século XIX, junto ao jardim do Soldado Perdido, monumento que homenageia os Combatentes mortos no Ultramar. E tem uma vista deslumbrante sobre o palácio e a serra! 


Os jardins envolventes contam com um local de “Animação do Livro e da Leitura”, um recinto para realizar concertos e espectáculos e uma Casa de Chá, com uma simpática esplanada, onde podemos contemplar a vista fascinante sobre a vila.



A Biblioteca tem mais de 60.000 volumes, divididos pela Biblioteca Infantil, Juvenil e de Adultos. Destaque ainda para os serviços especiais para Cegos, no Núcleo de Braille e para os Deficientes Motores. Todo o edifício tem as questões de acessibilidade bem tratadas, permitindo o acesso de todos os cidadãos a este espaço cultural.

A primeira vez que fui a esta Biblioteca foi com a minha filha mais velha, há cerca de cinco anos atrás, de mão dada ajudando-a nos primeiros passinhos, que ainda eram trémulos e frágeis. Fomos explorar o cantinho da Bebéteca, uma das poucas existentes em Portugal. Ficámos fascinadas com o espaço colorido e acolhedor, a simpatia dos colaboradores que sorriam perante os choros dos bebés que ali se juntavam, para folhearem livros e escutarem as histórias que as mães, com ternura contavam, aconchegadas nas almofadas que cobriam o chão.




As mesas e as cadeiras eram pequeninas e forradas com imagens de animais "cultos".


As estantes estavam repletas de livros, com histórias para todos os gostos. Lembro-me de como foi difícil escolher um livro com a minha filha, dada a imensa oferta. Havia também filmes, desenhos animados, computadores com jogos e acesso à Internet. Estava tudo disponível, ao toque de mão de qualquer bebé ou criança que por lá passasse.




Hoje, quando ali entrei, revivi esses momentos, com uma certa nostalgia. 
Solicitei à única colaboradora que encontrei, o programa de eventos, porque me recordava que aquele espaço era dinâmico, promovia teatros, horas do conto aos Sábados, com contadores e dramatizações que apaixonavam as crianças,envolvendo-as com  música, fantasia e alegria. Mas, com tristeza, soube que o núcleo responsável por tais iniciativas tinha cessado as suas funções há alguns meses.
Na Bebéteca, não vi bebés nem crianças sentadas nas almofadas, de livros abertos, embebidos na fantasia. Apenas um grupo de jovens a conversar frente ao computador.
Nas estantes, ainda moram muitas histórias, mas algumas delas antigas. Ao que parece, não têm  sido adquiridos novos livros para esta Biblioteca. As mesas e as cadeiras são as mesmas, mas estão vazias e o local estranhamente arrumado.




Encontrei um colaborador, que se sentia só e desanimado, num Palácio que noutros tempos, não tão longínquos, foi local de encontro, aprendizagens e partilha de saberes do universo único e valioso, que é o mundo infantil. Agora, está esquecido e perdido, tal como a estátua que mora à sua frente.



Saí cabisbaixa daquele espaço cultural, senti-o morto e pobre, intuindo que não é esta a melhor forma de promover o gosto pela leitura e o desenvolvimento cultural do nosso concelho. Nem de acarinhar os bebés e as crianças que aqui vivem.
Pressenti que um dos motivos deste "sossego" será a falta de verbas destinadas à Biblioteca. Caso contrário, porque razão se terminaria com um projecto tão interessante e apelativo?
Esperamos, sinceramente e com apreensão, que as entidades envolvidas e responsáveis, analisem com seriedade a vida da Biblioteca Infantil e Juvenil de Sintra, para que o movimento e o prazer pelos livros ali regressem o mais depressa possível.


Biblioteca Municipal de Sintra
Horário
Segundas-feiras das 14h00 às 20h00, de terça a sexta-feira das 10h00 às 20h00, sábados das 14h30 às 20h. Encerra domingos e feriados.
Horário de Verão (Agosto): De segunda a sexta-feira, das 10h00 às 18h00. Encerra aos sábados e domingos.


Morada
Rua Gomes de Amorim,
n.º12/14
2710-569 Sintra


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Comer Flores - ao princípio estranha-se...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Como devem ter reparado, o Chá de Sintra também “fez ponte”… Entre festas de aniversários dos filhos, santos populares, festinhas das terriolas circundantes, não sobrou muito tempo.


Eu dei um pulo ao Algarve e, claro, arrependi-me… é que o bom tempo e o sol também decidiram fazer ponte. As nuvens e o vento foram as únicas companhias que encontrei por lá. O Algarve estava feio e tristonho, com pouca gente e muita reclamação dos comerciantes locais. Ainda assim, salvos por alguns persistentes turistas ingleses.

Não sei porquê, mas nesta altura do ano, parecem-me todos feios e gordos. Para além deles, só mesmo uns grupinhos de jovens, muito iguais, muito branquinhas e louras, que sempre se aperaltam no final da tarde e surgem dependuradas dos seus vestidos cai-cai, multicolores, que lhes realçam ainda mais a alvura da pele.
À falta de actividade mais interessante, dei comigo a pensar que talvez seja por causa delas que o sol se esconde, como que gostando de lhes pregar a partida , e acabando por não lhes emprestar aquela cor dourada que tanto devem almejar. Feitas as contas, não me parece justo, pois as meninas pagam a viagem, a estadia, e ainda fazem orelhas moucas aos conselhos que as deviam levar a ficar por casa, ao invés de tão generosamente, virem dar uma mãozinha na nossa crise.


Resultado, apesar de só ter estado fora três dias, regressei cheia de vontade de olhar Sintra, de reaver toda a beleza que dela desfruto ao longo dos meus dias. Aqui, nunca me decepciono, a serra estava linda, como sempre.




E até o meu jardim me presenteou com um espectáculo de cor e aromas de perfumes vários.




















Ocorreu-me de imediato o artigo que tinha lido na revista Única, do Expresso desta semana, intitulado “Do jardim para o prato”. Depois de enunciar que as flores comestíveis estão na moda, o artigo começa assim:

“saborear pétalas de rosa, comer um amor-perfeito ou trincar uma orquídea pode parecer estranho, mas as flores regressaram aos pratos."
 Aqui se explica também que já estão disponíveis em alguns hipermercados, junto aos legumes frescos.

Depois de ler o artigo, ficamos a saber que os maiores utilizadores das flores são os restaurantes gourmet, chegando alguns a gastar entre €1000 a €1500 mensais. Que os preços podem variar entre €1 e €10 por uma caixa de dez flores e que, pasmem, cerca de 100 gramas de flores selvagens podem custar hoje €100!

A verdade é que, quanto mais olhava para o meu jardim, mais me lembrava do que tinha lido. Até porque, para além de lindas, as minhas flores são todas selvagens, já que crescem rebeldes e senhoras do seu nariz, sem que a dona com isso se incomode. Ignoram o que seja químicos e desconhecem qualquer forma artificial de embelezamento.



Por aqui, só mesmo o tempo influencia e determina o seu crescimento. Já utilizo algumas, bastantes, mas hoje decidi oferecer-lhes um lugar de destaque na minha cozinha. A partir de agora passarão a embelezar os pratos, fazendo roer de inveja qualquer chefe mais conceituado…

Devo confessar que não demorei muito a ir à horta do meu filho colher flores de courgettes. São óptimas quando usadas em tartes. Esta foi a hortinha que o meu filho fez a brincar



mas que tão bons frutos tem dado



Mas atenção, nem todas as flores se adequam a todos os pratos, variando conforme se trate de peixe, carne ou mesmo doces. E não se aventurem sem primeiro investigar e saber um pouco mais. Na lista de flores comestíveis referidas no artigo, incluem-se, por exemplo, a do alecrim, a de salva, amores-perfeitos, flor do coentro e a da laranjeira. Mas nada melhor do que ler o artigo.
Há que ter cuidado, há muitas que não são comestíveis. E não esqueçam, nunca usem flores compradas em florista, porque se as vamos comer, as mesmas não podem conter químicos e substâncias que façam perigar a saúde…
Depois de ter procurado saber mais sobre o uso das flores na culinária, sabem o que descobri? Que uma das plantas mais utilizadas pelos chefes, são as capuchinhas, vulgarmente conhecidas como chagas, e que abundam por toda a nossa Sintra, polvilhando-a com vários tons de laranjas e amarelos.
Como gosto de tudo o que é belo e selvagem, há muito que as vejo crescer e multiplicar também no meu jardim. Hoje li que fazem um risoto magnífico…


Curiosamente, a minha amiga Isabel, no seu blogue cozinha das cores também escreveu sobre as flores. E vai logo avisando que não são comida das fadas… Não tenho tanta certeza, mas as flores do meu jardim estão sempre disponíveis para a Fada Isabel!

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