As mais belas coisas do mundo

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Gosto de assinalar o regresso às aulas do meu filho, oferecendo-lhe um livro. Não que precise de pretexto para tal, pois como sabem a biblioteca cá em casa é vasta, mas acho sempre que o novo ano escolar também deve ser acompanhado de novas leituras.


Muitas vezes, dou comigo a pensar nos critérios que me levam a escolher e seleccionar os livros neste universo, cada vez mais populoso, que é o da literatura infantil. Lembro-me que, antes de ser mãe, já pensava nisso. Como fazer as escolhas certas ou, pelo menos, as mais adequadas ao crescimento e conhecimento de cada criança. Hoje, sorrio quando penso nisso. Mas não consigo dar um livro ao meu filho, sem primeiro o ler de fio a pavio. Não resisto à tentação, mesmo com aqueles que os outros lhe oferecem.
É certo que tenho os meus autores preferidos, mas o tema, a escrita, ou até mesmo o ilustrador,  determinam -me igualmente no acto da compra. O que raramente me acontece, é deixar-me seduzir pelos títulos.

Mas desta vez, foi por aí que os olhos começaram, pelo título! Passei pelo livro e e voltei atrás. Desconfiei do título,confesso! Depois percebi que se tratava de uma edição limitada, numerada e assinada, o que também me deixou…com a pulga atrás da orelha!
Pronto, está bem, eu digo! O livro é este


e o autor, valter hugo mãe.

Agarrei no exemplar 014/300 e quando cheguei ao final da primeira página, não tinha qualquer dúvida de que viria comigo.

Este seria o meu, o nosso!




Assim começa o livro, que nos conta a relação entre neto e avô, narrada por aquele, através do relato dos jogos, brincadeiras, coisas muito sérias, cumplicidades e entendimentos que ambos mantiveram enquanto estiveram juntos. O que se narra é belo e intenso.

"Um dia, o meu avô perguntou-me quais eram as coisas mais belas do mundo, e eu não soube o que dizer". Este é o ponto de partida para, página a página, o menino ir descobrindo e redescobrindo aquelas que são, para si, as mais belas coisas do mundo. E como são belas!



"Eu pensei que os galos eram das coisas mais belas do mundo, por saberem quando começa o dia e reclamarem que todos se levantem. Os galos são os despertadores da natureza, mesmo sem relógio sabem perceber o tempo e cacarejam sempre muito certos.O meu avô era como um galo. Antes de nascer o sol, um bocadinho muito pequeno antes, ele acordava e sabia que começava o dia. A única diferença era que não cacarejava, mas às vezes vinha logo conversar comigo..." 

Esta é apenas uma das mais belas coisas do mundo, que este menino descobre com "as pistas" deixadas por um avô sábio, que um dia lhe tinha perguntado se "o mais belo do mundo, não seria fazer-se o que se sabe e pode para que a vida de todos seja melhor".





Descobertas feitas de crescimento, feitas num tempo em que o avô já não está ao seu lado, porque como ele nos conta, "quando eu fiz dez anos, o meu avô precisou de morrer...". Mas deixou-lhe as pistas necessárias para desvendar os mistérios da vida, entre os quais, descobrir as mais belas coisas do mundo.





Pode ser que a forma como ficámos presos ao livro, advenha da similitude da situação vivida pelo meu filho, uma vez que também ele já  viu o seu cúmplice nos mistérios da vida ficar cansado. Também ele acha que uma das coisas mais belas do mundo é a figueira grande que o avô nos deixou no pomar, sendo, seguramente, nela que ele descansa na maior parte do tempo… Mas este é, acima de tudo, um livro lindo, porque apaziguador!




Ofereci o livro ao meu filho, dizendo-lhe que era daqueles que ele deve ler sózinho, embora eu me ajuste ao seu lado. Leu-o ininterruptamente, sem pestanejar, sorrindo de vez em quando e às vezes nem por isso...

É lindo, mãe! A história dele é tão igual à minha, disse-me no fim. Acrescentando,“ele” escreve as coisas de uma forma tão bonita e que me "descansa" tanto!



Ali mesmo, pedi desculpa por todas as pulgas que estiveram atrás da minha orelha, e agradeci a alguém , ter desenhado no papel , tantas das palavras que muitas vezes já correram cá por casa e ainda, muitas outras...





  
                                                                      

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Retratos de um Passeio

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ainda oferecendo alguma resistência à rotina das horas, e também por falta de tempo, há já alguns dias que a caminhada matinal com os cães é feita num percurso mais curto. Desde sempre batizado como "passeio das galinhas", graças aos muitos e magníficos exemplares da espécie que habitam uma das poucas casas por ali existentes, este é igualmente um percurso cheio de encanto e magia, de recantos e esconderijos.



Reconheço que, actualmente, a designação talvez não seja a mais apropriada, uma vez que o ramo da família mais numeroso é encabeçado pelos primos, os patos.


A sensação é sempre a mesma, a de que, para além de nós, ninguém mais por aqui passa! Enquanto caminho, interrogo-me permanentemente se ninguém explora estes trilhos de abandono e de paz, que só Sintra nos empresta em cada virar de esquina.



Há uns dias, tive uma ideia que, com a ajuda do meu filho, vou pôr em prática. Escrever um pedacito de papel solicitando aos caminhantes que assinalem a sua passagem com uma pedrinha, e assim poderemos saber quantos somos. Se calhar os coelhos e as perdizes que por lá construiram a sua morada, vão acabar por se apoderar da mensagem, ou mesmo, usá-la para algum ninho... Veremos.



A meio do percurso, encontramos esta relíquia, um velho portão aberto de par em par, que nos assegura, em jeito de boas vindas, podermos passar por ali, pela sua imensa casa.





Até hoje, nunca encontrei melhor forma de iniciar os meus dias. Os olhos regalam-se com tão vasto e imenso território de coisas belas! E depois, há essa certeza, de que vá por onde fôr, a serra acaba sempre por me circundar, observando-me do alto da sua imponência.



Estes são os momentos em que não me lembro do lixo que existe espalhado pelo chão, das casas que estão a cair, e até me esqueço das muitas coisas que gostaria de ver em Sintra e esta não tem...

No regresso, sente-se algum cansaço, não tanto pela distância percorrida, mas sim, pelo calor que ainda se faz sentir.




Isto, apesar do Outono já me ter batido à porta e ter entrado jardim dentro, como me dizem as folhas que passam os dias a dançar pelo chão.




Ainda assim, as cores permanecem quentes e os tons continuam de verão...




Muitas vezes penso que este é o único lugar do mundo em que a generosidade da mãe natureza contraria todos os dias a inércia dos homens. E lembro-me do amigo "sempre presente" das galinhas e dos patos...


Levei algum tempo a perceber que  não é real!  Não mexe,  não faz nada... mas está lá.

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Fogo na Serra

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Segundo o Instituto de Meteorologia, o mês de Julho foi o mais quente dos últimos 80 anos. Em consequência, já arderam mais de 70 mil hectares de mata e floresta em Portugal e estima-se que este número possa chegar aos 100 mil.




Diariamente, somos invadidos pelos media, com reportagens em directo, onde assistimos à árdua luta dos bombeiros contra as chamas. É um cenário se repete ano após ano.
Quando se vive em Sintra, o calor desta estação é, por vezes, assustador. Bem sei que não gostamos de nuvens, nem de nevoeiro, mas o sol abrasador deixa-nos inquietos (nunca estamos satisfeitos!). Ninguém quer ouvir a sirene dos bombeiros, nem ver a serra envolvida em chamas.
Mas, este ano, também Sintra não escapou à devastação dos incêndios.Tivemos alguns e, ao que parece, com origem  criminosa
Próximo de Monserrate, assisti em directo ao fogo, graças ao meu filho, que me alertou enquanto brincava no jardim, tendo a Serra como enquadramento.


Vimos um fumo branco e rapidamente o barulho dos pássaros foi oprimido pelas sirenes dos bombeiros das redondezas, que num instante se deslocaram ao local. Poucos minutos mais tarde, apareceu um helicóptero que transportava água, colaborando nesta difícil missão. Bastaram três reabastecimentos e o incêndio terminou. Não deve ter durado mais de 40 minutos, apesar de 70 pessoas terem sido evacuadas do Palácio.





A eficácia desta operação deixou-me pensativa.
Não há dúvida que muito se deve aos bombeiros e aos meios aéreos, que surgem a tempo e horas. No entanto, há que realçar o magnífico trabalho de prevenção, levado a cabo na serra pelas autoridades responsáveis. Quem tiver oportunidade de passear por lá, verá a mata limpa, imensos caminhos corta-fogo, permitindo o acesso facilitado a qualquer meio de transporte, assim como inúmeras reservas de água, pequenas lagoas para ajudar nos reabastecimentos. Para além disso, há um sistema de pré-posicionamento dos bombeiros em locais de maior risco; e o Grupo de Escuteiros assegura, nesta estação, a vigilância da área e a sensibilização dos visitantes, afim de evitar potenciais riscos de incêndios. Há ainda que elogiar o Grupo de Primeira Intervenção, constituído em 2002 através de um protocolo entre a Autoridade Nacional de Protecção Civil, a Câmara de Sintra e as Associações de Bombeiros,para vigiar a serra nos 365 dias do ano.
É bom saber que a Serra está bem protegida. Assim, continuarei a receber visitas encantadoras nos meus jardins, tal como esta...


Nunca é demais recordar as sugestões feitas pela Guarda Nacional Republicana. Consulte este folheto informativo.

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Aromas de Setembro

sábado, 11 de setembro de 2010

Setembro chegou,  lentamente retomam-se os hábitos e  reajustamo-nos para um novo ano de trabalho. A criançada regressou à escola, e à agitação inicial segue-se agora a rotina dos dias, dos horários, do deitar cedo e cedo erguer. Este é um mês de reorganização, mas também de contrastes e transições. É ele que manda embora o Verão e transporta os tons castanhos avermelhados e laranjas com que acabará por pintar o Outono. Por aqui, traz também perfumes e aromas doces, cheiros de compotas que me impregnam a casa toda. A cozinha fica cheia, com tabuleiros e cestos de fruta.





















Estendidas nos tabuleiros, as maçãs vão tranquilamente passando por várias tonalidades de verde e amarelo, oferecendo-nos um permanente cheiro de fruta fresca, acabadinha de deixar a mãe árvore.


Há já vários dias que os tachos de cobre me roubam uma boa quantidade de tempo.








Posso raspar o tacho? É a pergunta mais frequente do meu filho, que para além de tratar do tacho, se lambuza também com as várias colheres de pau usadas, nunca dando a tarefa por concluída sem lamber por completo os próprios dedos…

Depois das ameixas, chegou a vez das pêras e das maçãs. Mas nada que se compare àquele a quem nesta altura chamamos o rei  da casa, Dom Figo!



                            


Durante semanas consecutivas, as três figueiras que tenho no pomar, criteriosa e carinhosamente escolhidas e plantadas pelo meu pai, obrigam-nos a romarias diárias.


Colher figos torna-se actividade obrigatória, para grandes e pequenos! Comemos, dou à família, aos amigos, aos amigos dos amigos, faço doces, compotas, bolos… e continuo com figos.




Com tanta compota, de maçã, pêra, figo com amêndoa, figo com nóz... não tem sido fácil vir até aqui. Mas o Chá de Sintra tem estado sempre presente,



Com muita doçura!



















                                                                        

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Venham apanhar amoras...em SINTRA

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

As férias estão a chegar ao fim. Foram longas, cheias de aventura e momentos para recordar. Para trás, ficam dias intensos e cheios de agitação. É preciso dizer que quando nos juntamos todas, entre filhos e amigos que sempre vêm, as crianças rondam a dúzia! Com tanta arraia miúda, todos os recursos são poucos. Praia, piscina,  passeios de bicicleta ou a pé, são algumas das actividades preferidas. Há uma, porém, que perfaz as delícias da pequenada. Apanhar amoras! Quanto a nós, para além do prazer que acarreta, tornou-se quase "viciante"...sobretudo depois de termos visto 125g à venda, pela módica quantia de 5€. Durante semanas, de manhã ou à tarde, todos queriam apanhar amoras!



Como imaginam, o que não nos falta por aqui são caminhos enfeitados de amoras. Difícil é escolher por onde vamos! É que todos apresentam algo em comum, a beleza e a paz que têm para nos oferecer quando os percorremos.


Talvez por isso, as crianças se entusiamem tanto só com a ideia! Que alegria e excitação quando nos reunimos no local combinado. E com que prazer ávido eles colhem as amoras, mesmo quando a tarefa não se mostra fácil ou as silvas se revelam inimigas!



De quando em vez, lá surge um percalço ou outro...


Mas nada que não se supere com alguma  coragem e ajuda de muitas mãos amigas



Apanhar amoras, caminhar livremente por trilhos cheios de silêncio e mistério, com cheiros a terra e a verdes de perfumes múltiplos, olhar em redor e ver tudo isto,  





é algo só ao alcance de alguns... os amantes de Sintra!


Regressamos com um cesto cheio de amoras e o coração a abarrotar de emoções...


Desta vez, o local de encontro tinha sido o Penedo, uma das mais belas aldeias de Sintra.




Finalmente, chega o momento tão desejado pela criançada, a partilha das amoras.


Não interessa quem apanha mais ou menos, se somos muitos ou poucos. As amoras que se colhem vão para o "cesto" e no final dividem-se em partes iguais.


Divididas as amoras, estamos de volta, com o intuito de tratar as ditas.


Pela parte que me toca, e por oposição expressa dos homens da casa, não lhes consigo dar outro destino que não seja o gelado!


Escandalosamente delicioso, cá em casa o gelado de amoras come-se, ou melhor, devora-se, de qualquer maneira.

Bolo de chocolate da sogra, gelado de amoras e compota de amora de outra Cházeira.

Mas olhem bem para as iguarias que se produzem noutra das casas do Chá de Sintra!

Bolo de banana e amora

    Batido de amora e brushetta de banana e amora

Ainda há muitas! Venham apanhar amoras... em SINTRA!

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