alma de viajante

sexta-feira, 30 de março de 2012

Viajar é uma paixão. Os leitores e amigos do Chá têm-me acompanhado nas minhas últimas deambulações. Já sabem que não consigo imaginar a chegada do Verão sem a mochila às costas, mundo dentro...  Há dias, vi nas bancas uma edição especial da revista Volta Ao Mundo e não resisti. Volta ao mundo contada por José Luís Peixoto! Só podia ser especial!


Miami, Pequim, Moscovo, Estocolmo ou Helsínquia são alguns dos lugares por ele visitados, cujo relato leio vertiginosamente.  À medida que leio, cresce em mim a  vontade de que o tempo corra e que Julho me bata à porta, avisando-me para fazer as malas.


São várias as passagens da crónica de José Luís Peixoto que me inundam de vivências que transporto na memória. Algumas  partilhadas aqui, outras não, porque, quando viajamos, o tempo parece não ser nosso.

 

Li e reli, vezes sem conta, as palavras de Peixoto. Como faço muitas vezes com os seus livros. Experimento aquela sensação de querer voltar a todos os sítios de que fala, onde já estive e de partir em busca dos que ainda me são desconhecidos.
Hoje, fico-me por Helsínquia. A última vez que a visitei foi há dois anos.
É verdade que os finlandeses falam baixo, que são educados, generosos e que basta  um sorriso  para termos vontade de abrir as portas e gostar de andar por lá.




 "E não se consegue distinguir uma palavra daquela língua calma, pacata, bondosa."  diz, a determinado momento, o escritor. Sim, tal como eles não distinguem da nossa.Mas, cá por casa, lembramos amiúde o momento hilariante em que,  à porta  de um restaurante, quando ponderávamos  se  ficaríamos por ali, a menina irlandesa que servia às mesas , fez questão de nos  dizer que não nos arrependeríamos. Falava uma mistura de castelhano e português, com sotaque finlandês, claro.



A Sara viveu cerca de dois anos em Espanha, trabalhando com crianças. Na altura, visitou Portugal e também ela nos contou o relato da sua viagem. Gostou de tudo, Lisboa, Coimbra, Algarve... Mas apaixonada mesmo, tinha ficado por uma terra de que não lembrava o nome, apenas que começava por s e tinha Pena!!! Oh, ouvir falar assim de Sintra por aquelas paragens! Ficámos amigos, claro! E não, não nos arrependemos mesmo nada!


Bem sei que Julho ainda está longe, mas a oportunidade chegou e as malas já estão à porta. Daqui a pouco, rumo a Madrid! Tenho encontro marcado com uma data de gente que não conheço de lado algum, que certamente não voltarei a ver num qualquer outro sítio, mas de  quem fico íntima enquanto ando por lá. Basta o tal sorriso ou um simples olhar. Deve ser isso, o que chamamos de alma de viajante.



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À Primavera e à Poesia

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ontem saí por aí, para saudar a Primavera.




O sol com que se fez anunciar tornou Sintra ainda mais resplandecente. Aqui e ali, parecia ter organizado  um festim de cores para receber a visita da ilustre prima. Pelo meio, havia quem festejasse.



Quis participar, mas hesitei. Afinal de contas, não passava de uma intrusa. Foi com alguma parcimónia que me aproximei.


Vi que faziam uma espécie de jogo, como que  brincando umas à volta das outras.


O jogo era com cordas, que umas estendendiam e outras esticavam, numa alegre e contagiante reinação. Foi então que percebi que celebravam a amizade. Prometi voltar...



Por agora, tenho outra companhia. Porque se ontem foi dia da Primavera, hoje é da Poesia. Que deveria ser coisa de todos os dias!

A vida anda possessa de Poesia!
Anda prenha de mosto!
Ou é da luz do dia,
Ou é da cor do rosto,
Ou então quer abrir-se, neste gosto
De pão com todo o sal que lhe cabia!

Miguel Torga, do poema À Primavera





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As horas do meu tempo

sexta-feira, 16 de março de 2012

Há vários anos que abdiquei do relógio, mas o  tempo foge-me na mesma.  As horas parecem ir sempre à minha frente. E quando tento alcançá-las, escorregam-me por entre os dedos antes de me deixarem acabar tudo o que quero fazer...


Os amigos costumam brincar porque durmo pouco, muito pouco. Mas não imagino como seria se não fosse tão sovina com o sono! Não lhe dou mais do que três, quatro horas. Acho um desperdicio gastar  horas a dormir. Mesmo assim, há coisas que ficam para trás...



As duas últimas semanas foram a um ritmo tal que nem percebi a existência das primeiras visitas que no jardim já me anunciam a Primavera. Nunca tinha acontecido!


Pelo meio fui a Coimbra, cidade que me desperta um carinho especial.



Transporta-me invariavelmente para um tempo que não é meu, mas onde gosto de me perder e encontrar.


Na volta, tive de doar algum tempo a este meu canto...Decidi expulsar sua excelência, "a bagunça" que por aqui reinava. Os livros e os papéis que moravam pelo chão impediam já uma correcta colocação de pés e as prateleiras das estantes iam ficando vazias... 



E ainda tive tempo para uma magnífica brincadeira com o meu filho e alguns dos seus amigos "residentes". Do velho se faz novo é uma espécie de jogo que as crianças entendem como desafio. Uns quantos pincéis, algumas tintas e jornais  e muita paciência permitiram-nos transformar um velhissímo escadote numa peça de apoio preciosa.



No final, contemplámos e gostámos muito! 

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Sobe e desce. Como as cerejas...

terça-feira, 6 de março de 2012

Acredito que o "bicho dos livros", ou melhor, o vírus, porque actualmente tudo é virose, é altamente contagioso. E, ao contrário de outras viroses, o ideal seria contagiarmo-nos todos, o mais possível! Sobretudo, as nossas crianças. Só assim se pode ficar imune a essa gravissíma doença para a qual ainda não se descobriu cura, a ignorância.



Mas tudo tem os seus custos! O problema dos pequenos grandes leitores é não terem total consciência do preço de tais medicamentos, nunca comparticipados e sem hipótese de genéricos... O "pequeno leitor compulsivo" que existe cá em casa, quando entra numa livraria, tem sempre vontade de a trazer inteirinha.  


Foi o que aconteceu quando, nas últimas férias, passámos uns dias em Londres, como vos fui contando aqui e acolá. Boa parte deles foram passados em livrarias, com o rapaz a querer ver tudo o que há, sobretudo dos seus autores preferidos. E depois segue-se a conversa que já sei de cor: " Ó mãe, blá blá, temos mesmo de comprar, blá blá, porque quando estes livros chegarem a Portugal, se chegarem, já estarei  muito crescido para os ler". 

  

 Foi o que aconteceu com os livros de Oliver Jeffers, de quem é seguidor incondicional! Ele e eu!  Como tinhamos lido recentemente Perdido e Achado, quando encontrou Up and Down, o livro sequencial daquele, não mais o largou...


E foi assim que jantámos bem cedinho, porque o rapaz estava esfomeado... para devorar o livro.


Só depois disso, se seguiu a massa...

 

Tal como os livros, por vezes, também os pensamentos são como as cerejas. Na verdade, lembrei-me de tudo isto porque Up and Down, de Oliver Jeffers, acaba de ser editado em Portugal, pela mão da Orfeu Negro.  E porque os Hipopómatos falaram dele, de Sobe e Desce. Podem ir ver.





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