De Sintra para a Escandinávia...

terça-feira, 27 de julho de 2010

Sem tempo para escrever, tornei-me ultimamente leitora assídua deste nosso Chá de Sintra. Confesso que gosto muito do que por aqui se tem escrito!

Há dezasseis dias que saí de Portugal, para mais uma viagem louca e fascinante, que o meu marido e o meu filho planearam passo a passo. Todos os anos a história se repete: no dia do regresso a casa, eles começam a pensar as férias do ano seguinte...Uma vez o percurso traçado, "empurram" para mim toda a logística da viagem - sítios onde ficar, meios de transporte a usar... e o que é pior, com um orçamento a que não posso fugir! Apesar de tudo, é com muito orgulho que sempre inicio as minhas viagens com tudo reservado e marcado via bookings e internet. Depois de meses e meses a tentar alguns milagres, sempre consigo algumas promoções e preços baratinhos!

 Em matéria de férias e viagens, pertencemos todos ao clube  "já agora...". Pois é, se vamos aqui, já agora vamos ali! Com grande parte da Europa já visitada, faltava a Escandinávia. E para a conhecer, este foi o percurso escolhido:

Lisboa-Copenhaga-Vejle-Billund-Hirsthals-Bergen-Karlstad-Oslo-Estocolmo-Lulea-Rovaniemi (capital da Lapónia)-Helsínquia-Tallin-Helsínquia-Lisboa. Lisboa- Copenhaga e Helsinquia-Lisboa serão as únicas viagens de avião. No resto, experimentámos comboio, ferry, autocarro...

Há já muitos dias que me apetece partilhar o meu diário de viagem, mas o ritmo alucinante a que andamos não o tem permitido. Hoje chegámos ao nosso último destino, Tallinn, na Estónia. São os últimos dois dias antes do regresso a casa, e independentemente do muito que levo para contar, não resisto a deixar-vos alguns dos meus (nossos) momentos. Pelo menos, aqueles que consigo ilustrar com algumas das centenas e centenas de fotos que já tenho espalhadas por dispersos cartões.

Copenhaga foi o nosso primeiro destino.



Uma hora depois de aqui termos chegado, debaixo de uma enorme trovoada e com calor de 28º graus, e depois de já ter falado bastamente ao meu filho sobre os nórdicos e todo o seu civismo, tivemos que ir mudar de roupa, pois fomos literalmente "encharcados" por um taxista que passou junto à passadeira dos peões...
Mas nada disso importa, quando se pode lanchar com o homem mais gordo do mundo, cumprimentar o mais alto de sempre, ver o que come pregos e todo o tipo de metais... Visitar o Guiness Museum foi simplesmente hilariante!




Mas o momento mais hilariante de todos, a que o viajante mais novo não achou qualquer piada, aconteceu quando decidimos ir ver a célebre estátua da pequena sereia, e em vez dela, encontramos isto.



A pequena sereia tinha saído do sítio dela, viajado até à Expo de Xangai, e os dinamarqueses decidiram presentear os visitantes, em Copenhaga, com o vídeo da referida exposição...
Cumprindo promessa de pais, daquelas que se fazem quando achamos que nem lá por perto andaremos, fomos para Billund "explorar" a Legolândia. 



Dever cumprido, com direito a entrada em todas as loucuras por ali existentes, rumamos a Hirsthals, o porto no norte da Dinamarca, onde se situa o terminal dos barcos que fazem a travessia para Bergen (Noruega). O comboio que apanhámos em Vjele, chegou à hora prevista, com bastante antecedência em relação à partida do barco. Tudo parecia correr bem até ao momento em que percebemos que não estávamos no terminal certo... O nosso avistava-se ao longe, a uns bons 3 km. Os táxis não existiam, o autocarro tinha partido e começámos a pensar que o barco também partiria... sem nós! E toda a nossa viagem seria afectada, porque só voltava a haver barco dois dias depois! Decidimos não quebrar!! Mochilas às costas, malas a deslizar, percorremos o mais apressadamente possível 3 kilómetros de descampado, em que não vimos vivalma, e sem qualquer certeza de estar no caminho certo. Na altura, foi um dos piores momentos, mas ainda hoje nos rimos e jamais o esqueceremos! Chegámos 5 minutos antes da partida e entrámos no "barquinho" escoltados... pelo chefe dos cozinheiros.




Depois de uma noite dormida (?...) em alto mar, chegámos a Bergen por volta das 7 da manhã. Assim que pusemos pé em terra, ficámos rendidos a tanta beleza! Bergen é um daqueles sítios, onde queremos sempre voltar. Subimos o funicular para ver a deslumbrante cidade.

 


Cá em baixo, a cidade fervilha de vida, de gentes dos mais variados lugares. O célebre mercado do peixe, a céu aberto, na zona do porto, é um dos lugares mais vibrantes. Foi aqui que encontrámos a simpática Sílvia, uma italiana que no verão vem trabalhar para Bergen. Graças a ela, provámos toda a espécie de salmão...



O segundo dia da nossa estadia há muito que estava programado. Uma viagem pelos fjords e também pela famosa linha de comboio Flam-Myrdal.

Vista do comboio de Flam


Este é um daqueles lugares em que a respiração se contém e onde pensamos que o paraíso está ao alcance da mão!


Daqui a poucos dias, estarei de volta ao meu bocadinho de paraíso, à minha Sintra. Mas não deixarei de vos contar algumas outras aventuras, nomeadamente, como chegamos à Lapónia, a emoção de pisar o Círculo Polar Ártico, o percorrer terras deserticas, no meio do nada, viajar num autocarro com um morto, que afinal não estava morto... E tudo isto, numa parte do mundo onde, nesta altura do ano, nunca é noite, onde o sol se deita à meia noite e madruga às duas da manhã! Até lá!


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Postais de Amesterdão

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Caros leitores,
Enquanto a minha GRANDE amiga e companheira de blogue toma conta das minhas crianças, passeio eu com as outras por Amesterdão. Daqui vos escrevo com as primeiras impressões de uma cidade fascinante.
Tinha vindo a Amesterdão em 1989, de carro, com os meus pais. Fiquei apenas 2 dias, parece-me, e confesso que as recordações não são muitas.

Desta vez é que não me vou esquecer desta Veneza do Norte. Amesterdão é a capital europeia mais descontraída que conheço. Seja a que hora do dia for, há sempre alguém a beber um copo, a soltar uma gargalhada, a despir a camisa para aproveitar um raio de sol, a comer um pedaço de queijo a bordo de um barquito pelo canal. Barcos pelos canais e bicicletas - eis o especial toque de Amesterdão.


É a primeira vez que faço turismo de «cidade» com os meus filhos. Este ano resolvemos variar dos habituais destinos de praia (Algarve, etc.), porque, vivendo nós perto da praia, eles ficam literalmente saturados de areia e mar. Por outro lado, assim se procura menorizar a vida saloia que é o seu dia-a-dia.

Mostrar-lhes o mundo, eis a opção de férias para 2010.

De entre as opções cosmopolitas (para sair da terra saloia tinha de ser em grande!), Nova Iorque, Londres, Paris ou Berlim seriam boas opções. Mas os preços são incomparavelmente superiores. Amesterdão, portanto! E aqui estamos nós.

A cidade oferece muitas atracções para crianças, é facílimo entretê-los. No primeiro dia, um passeio de barco pelos canais. Com uma máquina fotográfica na mão, tudo se regista ao pormenor!



No segundo dia, uma visita ao Museu da História de Amesterdão, onde aprendemos sobre a construção e a evolução da cidade, assim como percebemos como viviam ao longos dos tempos os habitantes da cidade.

Hoje, logo pela amanhã, alugámos 4 fantásticas bicicletas, juntando-nos aos milhares e milhares de ciclistas da cidade.



Rumámos ao Museu Van Gogh (bilhetes comprados on line, nem 1 minuto na fila!). O famoso Museu tem um «treasure hunt» para os mais pequenos, à semelhança do que já vi em Lisboa no Museu Berardo. Vê-se o Museu de outra maneira, à procura deste e daquele quadro e respondendo às perguntas do questionário da caça ao tesouro. No fim, papel verificado, a simpática funcionária atribui a cada miúdo um auto-colante que atesta serem uns «van gogh experts».

Já eram quase 4 da tarde quando saímos do Museu e a fome apertava. Piquenique no VogelPark, o Central Park de Amesterdão, era o programado. Que bem souberam as sandes à beira do lago no sossego desta cidade.

Já se faz tarde, é hora de regressar a casa. Alugámos um apartamento fantástico, optimamente localizado - é uma opção super-económica. O regresso nas nossas bicicletas é mais rápido, mas aproveitámos e demos uma grande volta pelos canais.


É verdade - na volta cruzámos o red light district - onde vimos «senhoras a apanhar sol de biquini à janela», conforme descrição do meu filho...

É Amesterdão, tudo se tolera!

Adeus, caros leitores, até à próxima. Não sei se de Colares, de Helsínquia, de Nafarros, do Funchal ou de Galamares!

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Férias só para algumas...

sexta-feira, 23 de julho de 2010







Caros leitores,
Neste momento, sou a única representante deste blog em Portugal. Todas as minhas companheiras partiram rumo a destinos fantásticos pelo mundo fora, de fazer inveja a qualquer um, mas eu por cá fiquei. Mas não pensem que estou sozinha, fiquei a tomar conta de alguns “rebentos”, que por ainda serem muito pequenos, não puderam ir nestas férias “cansativas” das minhas amigas. 
Assim sendo, tenho total liberdade para me expressar neste “meu chá de Sintra”.
Gostava que imaginassem este fim-de-semana. Estou sozinha com quatro “pestes”, crianças com 2, 4, 5 e 6 anos, que não param sossegadas. Por entre mergulhos na piscina, choros e idas à casa banho, ainda tenho de ter tempo para cozinhar e em muitas quantidades. Estão sempre cheios de fome…Por isso, ando numa roda-viva, que hoje começou. E ainda vou ter mais três dias assim…
Mas o mais engraçado, é que esta minha amiga, deixou cá duas filhas e enviou-me uma mala de roupa para cerca de 2 meses. Até me assustei! Pensei: - Não volta! Tinha 30 camisas para as filhas, mais de 20 pares de calções/calças, não sei quantos fatos-de-banho e cuecas. Tanta, mas tanta roupa, que fiquei abismada, muito preocupada com a escolha das toilettes, porque na realidade elas só vão ficar uma semana sem os pais. Enfim, preocupações de mães!
Acabei de deitar os quatro, caíram redondos na cama e adormeceram que nem “anjos”. Até a mais pequena, que podia estranhar a ausência dos pais, deu-me um beijo de boa noite e agarrou-se ao seu novo amigo “Nenuco”.
E aqui estou eu, cansada, é verdade, mas muito orgulhosa de poder partilhar com eles estes momentos divertidos de vida.
Boas férias Queridas Amigas!

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Estranha forma de Vida

terça-feira, 20 de julho de 2010

1. Vivo em Sintra há cerca de dez anos. Muito aprendi com os “humores” do tempo na Serra e com os costumes e tradições dos seus habitantes.


Ao princípio confesso que estranhei a mudança de vida. Sair da cidade para viver no campo exigiu um período de adaptação.
Lembro-me como de início me incomodava o tempo, o clima húmido e nebuloso, que surge sempre sem avisar e nos faz vestir uma camisola na praia, em pleno dia de Verão. Hoje sinto um enorme prazer por esta frescura da Serra, que lhe dá um encanto misterioso e uma identidade própria. Sabe sempre bem regressar a Sintra, sobretudo quando vimos do ar quente e abafado de Lisboa…É graças a estas condições que a Serra está pintada por diferentes tons de verde, que me fascinam.
Nesta década de vida, também conheci as “gentes e os costumes” das diversas regiões da zona; Várzea de Sintra, Galamares, Colares, Almoçageme e Penedo.
Deixei de fazer compras nos grandes supermercados, para encontrar nas mercearias locais uma enorme satisfação. Cumprimento e converso com os comerciantes, que simpaticamente me saúdam e comentam o crescimento rápido dos meus filhos. Que bom que é viver assim… Escolho a fruta e os legumes, que por serem daqui têm um sabor especial.


Em Sintra, descobri espaço para falar e para ser ouvida, não tenho tanta pressa de viver, consigo tirar maior proveito do dia-a-dia. Não tenho longas filas de trânsito, nem o frenesim da cidade em final de dia. Bem sei que é difícil encontrar uma livraria ou uma loja de roupa por esta zona. As lojas existentes são sobretudo de bens essenciais, mas graças a isso esqueço-me do consumismo stressante e absorvente das cidades.
Confesso que por vezes sinto algumas saudades dessa correria, mas agora contemplo de outra forma a cidade, que por ser mais rara se tornou mais curiosa em certos aspectos. Por exemplo, gosto de ir passear pelo Chiado ou pela Baixa, no final do dia.Tenho um olhar diferente, mais atento, tal como se fosse uma turista encantada pela cidade desconhecida.


Descobri muitos campos agrícolas, que embelezam a paisagem e enriquecem a vida de cada sintrense. Há muitas terras removidas e cultivadas, que ainda hoje garantem a subsistência desta população. Este modo de estar é contagiante. A terra tem um valor incalculável e é valorizada. Eu também criei a minha horta, acompanho o crescimento de tudo o que planto e encontrei uma satisfação inexplicável por comer algo que produzo.



Em Sintra somos induzidos a esta forma “estranha” de vida. Mudamos! Perdemos algumas coisas é certo, mas ganhamos uma nova postura na vida, com a qual me identifico totalmente.

2. Mudei para Colares em 2002, tinha o meu filho mais velho 1 ano. Vivi toda a vida em Lisboa, mas sempre passei em Sintra (Colares, Praia das Maçãs) fins-de-semana e férias. Os meus pais têm por cá uma casa de férias, assim como os meus sogros. Foi aqui que conheci o meu marido e sempre sonhámos viver por estas terras.
Esse sonho cumpriu-se surpreendentemente cedo, pouco depois do início da nossa vida como casal.
Quando mudámos de Lisboa para o Banzão, todos os nossos amigos e familiares nos acharam doidos. O quê?! Fazer a IC19 todos os dias?! Como é possível?! Ainda hoje o espanto é generalizado quando digo a colegas de trabalho que vivo aqui. Costumo responder: não há bela sem senão.

Quando me dizem: «tenho muita sorte, vivo a 5m do trabalho», eu cá penso: que horror! Eu vivo bem longe.
Há algum tempo que larguei o carro e vou para Lisboa de comboio. Da Portela de Sintra a Lisboa são 40m certinhos, nunca há atrasos, é uma maravilha! Em Lisboa, os transportes públicos são excelentes, de metro, de autocarro ou a pé, não há sítio que fique muito longe.

Sinto-me muito europeia com esta opção - viver fora da cidade, usar os transporte públicos - e não compreendo bem a necessidade de estar enfiada numa gaveta no meio do barulho e andar sempre de carro. (Impressiona-me sempre o facto de as pessoas que conheço em Lisboa nunca, mas nunca, usarem os transportes públicos da cidade.)

Regressar a Sintra, ao silêncio do vento nas árvores, compensa quaisquer 60m de caminho. Para mim compensa e muito. O fim-de-semana começa à 6ª e só acaba na 2ª, aproveita-se mesmo a vida no campo.

Há desvantagens, claro que as há. Mas as vantagens são muitíssimos superiores. A vida organiza-se de outra maneira, as opções profissionais encaradas com outros olhos. Para quê correr toda a vida? Por que não antes gozá-la?

Eu acredito na qualidade de vida.

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Pequeno almoço... no Gourmet da Maria.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Já há férias aqui pelo Chá de Sintra! Uma das quatro já anda por aí, há quem já tenha as malas prontas, mesmo à portinha, e quem aguarda mais uns dias... Feitas as contas, só voltaremos a reencontrar-nos a meio de Agosto. Por isso, e como o tempo escasseia, decidimos tomar o pequeno almoço juntas. O local escolhido, foi, sem qualquer hesitação, o Gourmet da Maria, pois claro!


O Gourmet da Maria, ou a Maria, como simplesmente acabamos por dizer, fica bem ali no centro da Várzea de Sintra. É um espaço simpático, acolhedor e de qualidade, que há muito fazia falta por estas bandas.



Para além dos produtos que normalmente se podem adquirir numa loja gourmet, o meu destaque vai para a fantástica selecção de chás. Este é um espaço onde se pode comer com qualidade e, coisa rara, a preços simpáticos.



Não admira que, ao almoço, a Maria tenha sempre a casa cheia. As saladas são soberbamente criativas e ricas em ingredientes, que vão do queijo chèvre ao presunto pata negra, dos vegetais aos frutos secos... As quiches são deliciosas, sendo a minha preferida a vegetariana. A sopa é obrigatória e, em regra, há dois pratos em alternativa. Dificil é escolher. Os sumos são naturais, feitos pela própria Maria.Os meus preferidos são os de banana com canela e de frutos vermelhos. Há ainda uma enorme variedade de sandes que nos fazem crescer água na boca... e muito mais! E no fim, as magníficas sobremesas, que nos deliciam tanto o estômago como os olhos.




Os chás frios, as tartes de noz, o bolo de chocolate, as tartes geladas, são fortes tentações para uma nova paragem na Maria, desta vez para lanchar.


 

Bem, voltando ao nosso pequeno almoço, confesso que a gula me atacou logo pelas nove da manhã. É verdade que houve quem comesse pãozinho com manteiga, e o pão da Maria é óptimo, mas eu não resisti a umas deliciosas panquecas, servidas com mel! Comidas a meias, claro, por causa das calorias...





Irresistíveis, não? Como quase tudo, no Gourmet da Maria, que alia a qualidade do que tem ao charme e à genuína simpatia da sua proprietária.



Este é um daqueles espaços que gostamos muito de ter por cá, na nossa Sintra. E como descobrimos que em Agosto, o Gourmet da Maria celebra já o seu terceiro aniversário, o Chá de Sintra deixa aqui antecipadamente os PARABÉNS!


Gourmet da Maria

R. Padre Amaro Teixeira de Azevedo
Nº 46 Loja A
Várzea de Sintra
Tel: 219 240 436
geral@gourmetdamaria.com


Como já perceberam, o Chá está e vai andar por aí de férias. Podemos não ser tão assíduas, mas sempre que possível, daremos notícias de outras rotas e destinos, um pouco distantes da nossa Sintra. À qual, seguramente regressaremos,como sempre, com as malas bagunçadas, típicas de final de férias,e a alma cheia de saudade…

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A componente de apoio à Família

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Hoje venho novamente falar de família. Mas venho falar da família que trabalha em horário completo, que enfrenta todos os dias as longas filas de trânsito até chegar a casa, que por mais que queira não consegue chegar a tempo e horas de ir buscar os filhos à escola, nem de acompanhá-los da forma que deseja e idealizou.
Este tipo de família, crescente na nossa sociedade, confronta-se com inúmeros problemas, verdadeiras crises para a estabilidade familiar.
Quem irá buscar as crianças à escola? Quem as ajudará nos trabalhos de casa e a estudar para os testes? Quem assistirá às reuniões com os professores? Quem ficará com as crianças nos longos meses das férias escolares?
Perguntas difíceis com respostas complexas.



Não é fácil encontrar soluções, sobretudo eficazes, à medida de cada família e do seu poder económico. Gerir o tempo profissional e o tempo dedicado à família é um equilíbrio frágil e perigoso na sociedade actual. E quando os pratos desta “balança” não estão equilibrados, os pais sentem um desconforto e uma mágoa, culpabilizando-se por não assistirem de perto ao crescimento dos seus filhos.
Neste cenário de dúvidas e inquietações da família a Escola ganha um papel decisivo. Organizou-se de forma a responder eficazmente às necessidades.
Em 2008, o Ministério da Educação sublinha “a importância de continuar a adaptar os tempos de permanência dos alunos na escola às necessidades das famílias e simultaneamente de garantir que os tempos de permanência na escola são pedagogicamente ricos e complementares das aprendizagens associadas à aquisição das competências básicas”.
Há um alargamento do horário escolar das crianças do 1º Ciclo (até às 17.30) preenchido pelas actividades de enriquecimento curricular, tais como actividades de apoio ao estudo; ensino do Inglês e de outras línguas estrangeiras, actividade física e desportiva; ensino da música e de outras expressões artísticas.
Mas ainda temos as horas que antecedem e precedem este horário escolar e as interrupções lectivas. O que fazer?
Conheci uma escola em Sintra, JI+EB1 Castelinhos pertencente ao Agrupamento de Escolas Visconde de Juromenha, com um departamento denominado Componente de Apoio à Família (C.A.F). 
Este serviço é promovido pela Câmara, neste caso pela Câmara de Sintra e pela Direcção Executiva, em parceria com Associações de Pais. As crianças que frequentam a C.A.F são aquelas cujos pais se encontram em actividade profissional antes e após o período lectivo. Nele desenvolvem, gratuitamente, actividades formativas e ocupacionais que permitem optimizar e gerir o seu tempo extra-escolar, através de actividades lúdicas, pedagógicas e didácticas. Algumas crianças beneficiam ainda de alimentação e de transporte.
Segundo informação do site da Câmara Municipal de Sintra, a Câmara “disponibilizou mais de meio milhão de euros aos agrupamentos de escolas e associações de pais, verba destinada à implementação de projectos educativos, prolongamento de horário e recursos humanos.”
Uma verba significativa, mas ainda insuficiente face às necessidades do Concelho, que certamente será agravada, dada a conjectura económica e social do nosso país.
Questiono o que acontecerá a estas famílias se as escolas virem, no próximo ano lectivo, diminuídos ou até mesmo congelados os apoios financeiros. O que acontecerá às crianças em idade escolar se perderem este serviço, claramente essencial? Como ocuparão o seu tempo e sob que vigilância?
O abandono escolar, o insucesso na aprendizagem, os problemas comportamentais e sociais serão seguramente algumas das consequências, demasiado pesadas para a nossa sociedade. Por isso é fundamental que, também neste ponto, os governantes equilibrem bem os pratos da "balança" e tomem as decisões acertadas, centrando-se nas necessidades das crianças e famílias, de forma a garantir a qualidade de Educação a qualquer cidadão.



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Mais emocionais, mais complexas e mais belas

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Num blog feito por mulheres, não poderíamos deixar passar duas iniciativas culturais que lhes são inteiramente dedicadas.
Não que nos habite qualquer espírito femininista - longe disso! - mas porque há uma identidade muito nossa e uma história de só recente reconhecimento.
Se há algo que o fim do século XX trouxe e o XXI confirmou, é que a História deixará de ser coisa de homens para passar a ser obra de todos.

O primeiro destaque vai para um ópera estreada em Março, composta por uma mulher, cantada exclusivamente por uma mulher e dedicada à história de uma mulher.
A compositora é a finlandesa Kaija Saariaho, considerada uma das mais importantes compositadoras de música erudita da actualidade.
Deixo-vos esta pequena peça - não é fácil, mas é inovadora. Se se deixarem levar, vão gostar seguramente.




Saariaho compôs uma ópera sobre a vida de Émilie du Châtelet (1706-1749), uma mulher independente do século XVIII, que se dedicou à física e à matemática.



De acordo com Voltaire, seu amante, Émilie foi «um grande homem cujo único defeito era ser uma mulher».

A única intérprete desta ópera é a mais conceituada soprano da actualidade, Karita Mattila, também ela finlandesa.


Três mulheres talentosas, inteligentes, independentes. E já agora, bonitas.

A ópera é uma encomenda conjunta da Opéra National de Lyon, do Barbican Centre (Londres) e da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi estreada em Março pela Nederlandse Opera em Amesterdão. Não se sabe se virá a Portugal. Esperamos que sim!
O segundo destaque vai para o filme de Abbas Kiarostami, «Shirin», onde o realizador iraniano mostra os rostos de uma centena de mulheres durante 1 hora e meia. As mulheres assistem a um filme sobre a história de Shirin, uma princesa arménia que se apaixonou por um rei persa. Uma tragédia amorosa, como não podia deixar de ser. Deste filme nada vemos, apenas assistimos quem assiste - as 114 mulheres/actrizes do filme de Kiarostami.
Este é o trailer:





O filme é algo perturbador e a mensagem que pretende transmitir não é inteiramente clara. Calculo que para a maioria das pessoas será idiota gastar tanto tempo a ver um bando de mulheres de lágrima no canto do olho. Para outros, há mensagens políticas, ligadas ao estatuto inferior ao homem que a mulher tem, ainda, no Irão.
Mas para mim, esta sequência de imagens representa a sensibilidade feminina, o sentimento acima de tudo, a capacidade de nos emocionarmos com as coisas bonitas da vida sem receio de o demonstrar. Pieguice, dirão os homens. Sensibilidade (e bom senso), como disse há muito Jane Austen e nos ficou no memória.

Nas palavras de Kiarostami: "a minha impressão é que as mulheres são, em geral, não apenas no Irão, mais emocionais, mais complexas e mais belas."

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Matilde Rosa Araújo

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Lua está lá no céu
Quem é que a vai tocar?
São duas mãos pequeninas
Com as luvas do luar
O Sol está lá no céu
Quem é que o vai tocar?
São duas mãos pequeninas
Que não se podem queimar
E as estrelas lá no céu
Quem é que as vai tocar?
São duas mãos com anéis
De brilhantes a brilhar
E os pássaros lá no céu
Quem é que os vai tocar?

Pássaros em liberdade
Ninguém os deve buscar





Poema Tocar, As Fadas Verdes, de Matilde Rosa Araújo.


O Chá de Sintra já aqui falou de As Fadas Verdes e de O Sol e o Menino dos Pés Frios. De muitos outros nos apetecia falar hoje. O Livro da Tila, As Botas do meu Pai, O Palhaço Verde...

Matilde Rosa Araújo partiu hoje, mas deixou-nos uma imensidão de palavras para a lembrar!

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Sophia...no caminho do mar!

sábado, 3 de julho de 2010


Este livro de Fernando Pinto do Amaral, com ilustrações de Fernanda Fragateiro, conta aos mais pequenos quem foi Sophia  Mello Breyner Andresen. A vida de Sophia, a sua infância, a história da sua família e as razões que a levaram a escrever para crianças, são aqui contadas de forma simples, através de uma viagem pelos diversos contos que nos deixou.


Igualmente simples, mas belas, são as ilustrações. Ao contemplá-las, temos a noção exacta que entrámos no mundo de Sophia.



Há muito que Sophia ocupa um lugar de relevo no universo dos meus livros. Agora, ocupa-o também, na já vasta biblioteca do meu filho. Estranhamente, cheguei a Sophia já  na minha adolescência e sempre considerei isso uma perda! Como é normal, cuidei de evitar que ao meu filho sucedesse algo parecido. Para além da leitura dos vários contos, muitas vezes o nosso quotidiano é invadido por conversas e situações decorrentes dos livros de Sophia. E o nosso imaginário também...  


Depois de termos lido o Rapaz de Bronze, e quando estávamos a meio do Cavaleiro da Dinamarca, lembro-me de uma conversa em que lhe disse que o que sempre me fascinou  em Sophia é a intensidade com que ela nos faz sentir e querer coisas tão contraditórias. Tanto nos desassossega, acordando em nós um desejo enorme de viajar, como nos enche de paz, levando-nos a sentar na quietude do jardim, apenas para olhar as árvores e as flores que o habitam.



De todos os contos de Sophia, o preferido do meu filho é o Rapaz de Bronze. A história fascinou-o! Embora saiba que ele gostaria de lhe mudar o final... e o rapaz deixaria de ser de bronze! A avidez com que o lemos e a forma como lhe foi remexendo sentimentos deixou-nos a vontade de fazer algo mais para além da sua leitura. Pesquisámos árvores e flores no mesmo tempo em que Sophia as descreve de modo inigualável. Fizemos o nosso próprio livro.Tecemos a nossa teia de cumplicidades com Sophia...




E, a propósito de cumplicidades, recordo que a Fada Oriana foi dos primeiros contos que lemos em conjunto. Dele, o meu filho sempre reteve a imagem daquele "peixe malvado" que levou Oriana a esquecer a sua promessa.
Quando, mais recentemente, lemos o Segredo do Rio, de Miguel Sousa Tavares, expliquei-lhe que o autor era um dos filhos de Sophia, uma das crianças para quem ela escreveu.

E ele achou que devia apresentar o peixe do Segredo do Rio a Oriana, para que ela percebesse finalmente que nem todos os peixes são vaidosos e maus...





Sophia morreu há precisamente seis anos. Mas estará sempre por cá, no caminho do mar.











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