Comer Flores - ao princípio estranha-se...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Como devem ter reparado, o Chá de Sintra também “fez ponte”… Entre festas de aniversários dos filhos, santos populares, festinhas das terriolas circundantes, não sobrou muito tempo.


Eu dei um pulo ao Algarve e, claro, arrependi-me… é que o bom tempo e o sol também decidiram fazer ponte. As nuvens e o vento foram as únicas companhias que encontrei por lá. O Algarve estava feio e tristonho, com pouca gente e muita reclamação dos comerciantes locais. Ainda assim, salvos por alguns persistentes turistas ingleses.

Não sei porquê, mas nesta altura do ano, parecem-me todos feios e gordos. Para além deles, só mesmo uns grupinhos de jovens, muito iguais, muito branquinhas e louras, que sempre se aperaltam no final da tarde e surgem dependuradas dos seus vestidos cai-cai, multicolores, que lhes realçam ainda mais a alvura da pele.
À falta de actividade mais interessante, dei comigo a pensar que talvez seja por causa delas que o sol se esconde, como que gostando de lhes pregar a partida , e acabando por não lhes emprestar aquela cor dourada que tanto devem almejar. Feitas as contas, não me parece justo, pois as meninas pagam a viagem, a estadia, e ainda fazem orelhas moucas aos conselhos que as deviam levar a ficar por casa, ao invés de tão generosamente, virem dar uma mãozinha na nossa crise.


Resultado, apesar de só ter estado fora três dias, regressei cheia de vontade de olhar Sintra, de reaver toda a beleza que dela desfruto ao longo dos meus dias. Aqui, nunca me decepciono, a serra estava linda, como sempre.




E até o meu jardim me presenteou com um espectáculo de cor e aromas de perfumes vários.




















Ocorreu-me de imediato o artigo que tinha lido na revista Única, do Expresso desta semana, intitulado “Do jardim para o prato”. Depois de enunciar que as flores comestíveis estão na moda, o artigo começa assim:

“saborear pétalas de rosa, comer um amor-perfeito ou trincar uma orquídea pode parecer estranho, mas as flores regressaram aos pratos."
 Aqui se explica também que já estão disponíveis em alguns hipermercados, junto aos legumes frescos.

Depois de ler o artigo, ficamos a saber que os maiores utilizadores das flores são os restaurantes gourmet, chegando alguns a gastar entre €1000 a €1500 mensais. Que os preços podem variar entre €1 e €10 por uma caixa de dez flores e que, pasmem, cerca de 100 gramas de flores selvagens podem custar hoje €100!

A verdade é que, quanto mais olhava para o meu jardim, mais me lembrava do que tinha lido. Até porque, para além de lindas, as minhas flores são todas selvagens, já que crescem rebeldes e senhoras do seu nariz, sem que a dona com isso se incomode. Ignoram o que seja químicos e desconhecem qualquer forma artificial de embelezamento.



Por aqui, só mesmo o tempo influencia e determina o seu crescimento. Já utilizo algumas, bastantes, mas hoje decidi oferecer-lhes um lugar de destaque na minha cozinha. A partir de agora passarão a embelezar os pratos, fazendo roer de inveja qualquer chefe mais conceituado…

Devo confessar que não demorei muito a ir à horta do meu filho colher flores de courgettes. São óptimas quando usadas em tartes. Esta foi a hortinha que o meu filho fez a brincar



mas que tão bons frutos tem dado



Mas atenção, nem todas as flores se adequam a todos os pratos, variando conforme se trate de peixe, carne ou mesmo doces. E não se aventurem sem primeiro investigar e saber um pouco mais. Na lista de flores comestíveis referidas no artigo, incluem-se, por exemplo, a do alecrim, a de salva, amores-perfeitos, flor do coentro e a da laranjeira. Mas nada melhor do que ler o artigo.
Há que ter cuidado, há muitas que não são comestíveis. E não esqueçam, nunca usem flores compradas em florista, porque se as vamos comer, as mesmas não podem conter químicos e substâncias que façam perigar a saúde…
Depois de ter procurado saber mais sobre o uso das flores na culinária, sabem o que descobri? Que uma das plantas mais utilizadas pelos chefes, são as capuchinhas, vulgarmente conhecidas como chagas, e que abundam por toda a nossa Sintra, polvilhando-a com vários tons de laranjas e amarelos.
Como gosto de tudo o que é belo e selvagem, há muito que as vejo crescer e multiplicar também no meu jardim. Hoje li que fazem um risoto magnífico…


Curiosamente, a minha amiga Isabel, no seu blogue cozinha das cores também escreveu sobre as flores. E vai logo avisando que não são comida das fadas… Não tenho tanta certeza, mas as flores do meu jardim estão sempre disponíveis para a Fada Isabel!

1 comentários:

borboleta africana 14 de junho de 2010 às 18:58  

Tão querida a minha amiga...se eu fosse fada de certeza que já me tinha mudado de amas e bagagens para Sintra e para o paraíso onde ela vive...
Agora já sei onde posso ir buscar as flores para a minha cozinha, completamente "limpinhas " de químicos.
Já agora...podes arranjar-me uma mudinha de chagas para eu plantar na varanda em Lisboa?

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