Festival de Música de Sintra 2010 - onde está o programa?
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Entre os dias 28 de Maio e 4 de Julho realiza-se a 45ª Edição do Festival de Música de Sintra.
O Festival de Música de Sintra teve a sua primeira edição em 1957, tendo-se mantido como uma referência de bom gosto e originalidade na divulgação da música erudita em Portugal.
Conciliar a música de qualidade com os mais belos cenários de Portugal é realmente uma ideia brilhante, o bom gosto e a qualidade estética em uníssono.
A ideia terá sido da Marquesa do Cadaval, Olga Maria Nicolis di Robillant Álvares Pereira de Melo, ilustríssima figura da nossa vila.
Muitos artistas de craveira mundial foram trazidos ao nosso país por sua iniciativa pessoal, rasgando novos horizontes à cultura portuguesa – Mstislav Rostropovitch e Nikita Magaloff foram apenas dois exemplos entre tantos outros – e a sua figura tutelar manteve-se assim, durante décadas, como um apelo constante ao máximo empenho de todos na manutenção desse elevado padrão de exigência.”
A Marquesa morreu em 1996 e Sintra reconhecida deu o seu nome ao Centro Cultural, inaugurado em 2000.
Quando falo do Festival, ocorrem-me algumas memórias de miúda, imagens e sons que ficaram vivos após tantos anos. São recordações que revivo com a ajuda dos meus pais, que sempre me levavam consigo nestas deambulações culturais.
Lembro-me, por exemplo, de um concerto na Quinta de Piedade, propriedade da Marquesa. Julgo que era piano e orquestra, mas não recordo mais pormenores. Era adolescente, teria entre os 14 e15 anos. Embora tão longe, revivo perfeitamente a sensação de os passarinhos serem parte da orquestra.
Quinta da Piedade (vista de Galamares)
Eis a recordação do meu Pai: "O mais característico dos Concertos era o da Quinta da Piedade, da Marquesa do Cadaval – com a presença da própria Marquesa ainda bem viva (uma mecenas das artes que vivia habitualmente em Veneza!) e com a filha que, com a sua vontade férrea, comandava o acontecimento."
Lembro ainda um concerto de Chopin na Quinta do Vinagre, com dois pianos, um deles, tocado por Sequeira Costa. Foi um fim de tarde, estava aquele friozinho característico de Sintra. Era miúda, confesso que o tempo demorou a passar. No intervalo passeou-se no jardim, junto ao Rio das Maçãs, onde a água continuava a cantar. Era uma oportunidade para conhecermos por dentro a fabulosa Quinta do Vinagre,com aquele esplendor do requinte sóbrio entranhado na natureza e na ruralidade.
Quinta do Vinagre
(foto da Junta de Freguesia de Colares)
(foto da Junta de Freguesia de Colares)
Inesquecíveis eram também os ballets em Seteais. Com o deslumbre do palácio como cenário, as peças românticas de Tchaikovsky ganhavam outro realismo.
Acessório absolutamente necessário era uma manta bem quentinha, sob pena de os pés e as mãos congelarem. Lembro-me de um ano em que os bailarinos tinham dificuldade em executar os passos por o palco estar húmido. Era notório que escorregavam. Mas era tão bonito...
Foto de Helena Afonso
Mais recentemente – o ano passado – assisti a um bailado (Maiorca) da companhia Paulo Ribeiro com os Prelúdios de Chopin tocados por Pedro Burmester. Foi uma estreia no Centro Cultural Olga Cadaval, um espectáculo visualmente muitíssimo interessante e que está em digressão nacional deste então.
A partir da edição de 2006, o Festival passou também a contar com a vertente Contrapontos, dirigida a um público diferente, contendo ofertas culturais diversificadas, a preços mais acessíveis.
Tudo isto nos deixa água na boca para a edição deste ano do Festival de Sintra. Como disse inicialmente, inicia-se a 28 de Maio e há um site a ele dedicado: http://www.festivaldesintra.pt/
Mas o site nada tem! Diz «programação a apresentar em breve» e limita-se a umas fotos que vão rodando.
O Chá de Sintra interroga-se sobre esta deficiente programação e divulgação de um marco cultural da Vila de Sintra.
Note-se bem: a 20 dias do início do Festival, o programa é desconhecido. Como é que se justifica esta ausência?
O ano passado foi notória, em alguns espectáculos, a falta de público. Mas, assim, é natural...
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