"O Meu Passeio dos Cães"

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Viver em Sintra, conhecer-lhe cheiros e cores, senti-la desvendando permanentemente as suas belas e inúmeras singularidades, transporta-nos a toda a hora para o mundo do único, do irrepetível! Há cerca de quinze anos que aqui vivo, mas quando me levanto de manhã e olho a serra que se estende à minha frente, ainda me invade o mesmo deslumbramento... Todos os dias ela me oferece algo de diferente. Às vezes até brinco, e chamo-lhe serra vaidosa, pois sempre veste algo de novo, nunca repetindo os tons do dia anterior!



Poder começar o dia com uma caminhada por trilhos lindos, como os que percorro diáriamente, é uma dádiva que nos torna pessoas mais felizes, mais satisfeitas com a vida...




Sempre com a companhia dos meus dois cães, muitas vezes das amigas e algumas do marido, com ou sem crianças, lá vou por caminhos verdes, pintalgados de manchas de diversas cores, oferecidas por flores que espontânea e abundantemente se multiplicam.





São vários os percursos por onde gosto de deambular, mas "o passeio dos cães", assim batizado por serem muitos os que por lá habitam, é sem dúvida um dos meus preferidos. Talvez por ter sido o primeiro...



A serra está sempre presente, ladeando-me com as suas múltiplas tonalidades de verde, que se baralham e confundem com as dos campos em redor. Sintra tem tudo isto... e muito mais!




Ao longo do caminho, os pinheiros agrupam-se em matas densas e labirínticas que só os cães conseguem desvendar.




A meio do percurso, o som do riacho mistura-se com o chilrear dos pássaros e por vezes o zumbido das abelhas, relembrando aos cães a paragem para beber...





Aqui, a subida já custa, ainda mais agora que o calor começa a chegar. Mas mesmo quando falta o fôlego, ao olhar de novo a serra e tudo o resto, a sensação de liberdade empurra-nos de volta...




Eis-nos de regresso, agora já com a serra pela frente e a Pena a acenar-nos.




Ao longo dos anos, tenho-me perguntado como é possível que outros caminhantes não surjam... Em regra, não partilho o percurso com ninguém... Com efeito, tirando um jardineiro aqui, o homem da piscina acolá, não nos cruzamos com vivalma, o que faz aumentar em muito a sensação de que tudo isto é... só meu! Confesso! Esta é a altura em que gosto verdadeiramente de me sentir dona de alguma coisa... dona dos pinheiros cujo cheiro me inunda e se hospeda em mim para o resto do dia, das ervas e plantas que me observam a passar, de pedras que toco ou não, das árvores de que me tornei íntima...





Pessoas, pessoas, à excepção de um caminhante misterioso que de quando em vez teima em cruzar-se, mas em sentido contrário, não há...
Barulho, só mesmo o ladrar dos cães, que emprestam o nome ao caminho... e que continuam sem perceber porque estando eles presos, insisto eu em passear com os meus por ali...




Sintra ainda é assim...

3 comentários:

borboleta africana 13 de maio de 2010 às 12:47  

Hoje acompanhei-te nesse passeio maravilhoso e senti os mesmos cheiros e vi as mesmas cores...foi só fechar os olhos e ouvir com o coração as tuas palavras...

Sofia Arroube 7 de setembro de 2012 às 19:44  

Olá Marias ou Anas :)

Seria possivel dizerem-me como faço esse percurso do "passeio dos cães"? Onde se começa e onde termina?

Muito obrigado

Sofia

Marias sem Anas 16 de setembro de 2012 às 22:07  

Olá, Sofia. Este é um percurso a iniciar junto ao pavilhão de Nafarros, na rua que ladeia a vedação do mesmo. Deve subir a mesma até encontrar caminho de terra batida e virar à esquerda, fazendo o percurso todo interior. Depois tem três alternativas para o finalizar. É só escolher.

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