Frequento a Gulbenkian há muitos, muitos anos e nunca tinha visto a plateia inteira em pé a aplaudir.
Aconteceu no dia 17 de Abril, no concerto comentado dirigido às famílias (maiores de 6) e intitulado «A tentação do jazz».
Com a orquestra Gulbenkian tocou Mário Laginha e um grupo de músicos do Hot Club de Portugal.
O concerto consistiu em três peças. A primeira, de Gunther Schuller (de quem nunca tinha ouvido falar), consistia numa história de um miúdo (o Eddie) que, trompetista desde pequeno, aprendeu com alguns percalços o que era o jazz. A história foi contada por Alexandre Delgado (o comentador de serviço) e tocada com alegria pela orquestra e pelos músicos de jazz (trompete, saxofone, contrabaixo e bateria).
Muito divertida e cativante. Não houve miúdo (e a plateia estava recheada deles) que tirasse os olhos e os ouvidos do palco.
Seguiu-se a conhecidíssima peça de George Gershwin, Rhapsody in Blue, divinalmente tocada por Mário Laginha e pela Orquestra Gulbenkian.
Mário Laginha
Orquestra Gulbenkian
A terminar um arranjo orquestral de várias peças de Duke Ellington, o rei do jazz nova-iorquino.
Um concerto alegre, festejando a música, tirando dela uma felicidade quase impossível.
Uma palavra especial ao comentador, o compositor Alexandre Delgado, que alia conhecimento a uma contagiante simpatia e verdadeiro entusiasmo pelas peças que apresenta. Sempre são descritas com os mais calorosos adjectivos: «uma melodia espantosa», «um arranjo fenomenal», «um compositor fabuloso». Verdadeiramente contagiante.
Como disse, a plateia aplaudiu de pé. Miúdos e graúdos, meninos e meninas, avós e netos, pais e filhos tudo se juntou num agradecimento sincero à beleza que foi ali connosco partilhada.
O concerto insere-se no
Programa Descobrir da Gulbenkian, um conjunto de actividades sobre a arte, a música, a natureza, a história. Com enfoque nos mais pequenos, mas não só.
É um programa fantástico, com uma qualidade estética que sempre me emociona. Os concertos são todos eles excelentes, os músicos de primeira qualidade. Uma óptima introdução (para todos) à música erudita . É certo que, por vezes, os miúdos refilam (os meus pelo menos - que ingratos!), mas, na verdade, vão se habituando às diferentes sonoridades e apreciando a qualidade e o bom gosto. E muitas vezes me perguntam quando é o próximo.
Lastimo apenas que haja poucos concertos e que seja difícil comprar os bilhetes. Logo no início da temporada (Setembro-Outubro) é preciso correr antes que esgotem.
Uma boa notícia é o preço - apenas 6€ por pessoa, uma verdadeira bagatela que a Gulbenkian nos proporciona.
O próximo - e último - concerto deste ano é a 22 de Maio, com peças de Joly Braga Santos e Robert Schuman. Com o maestro titular da Orquestra Gulbenkian (Lawrence Foster) e outro grande pianista português, Artur Pizarro.
Espreitem a bilheteira da Gulbenkian - pode ser que ainda tenham sorte!
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