A componente de apoio à Família

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Hoje venho novamente falar de família. Mas venho falar da família que trabalha em horário completo, que enfrenta todos os dias as longas filas de trânsito até chegar a casa, que por mais que queira não consegue chegar a tempo e horas de ir buscar os filhos à escola, nem de acompanhá-los da forma que deseja e idealizou.
Este tipo de família, crescente na nossa sociedade, confronta-se com inúmeros problemas, verdadeiras crises para a estabilidade familiar.
Quem irá buscar as crianças à escola? Quem as ajudará nos trabalhos de casa e a estudar para os testes? Quem assistirá às reuniões com os professores? Quem ficará com as crianças nos longos meses das férias escolares?
Perguntas difíceis com respostas complexas.



Não é fácil encontrar soluções, sobretudo eficazes, à medida de cada família e do seu poder económico. Gerir o tempo profissional e o tempo dedicado à família é um equilíbrio frágil e perigoso na sociedade actual. E quando os pratos desta “balança” não estão equilibrados, os pais sentem um desconforto e uma mágoa, culpabilizando-se por não assistirem de perto ao crescimento dos seus filhos.
Neste cenário de dúvidas e inquietações da família a Escola ganha um papel decisivo. Organizou-se de forma a responder eficazmente às necessidades.
Em 2008, o Ministério da Educação sublinha “a importância de continuar a adaptar os tempos de permanência dos alunos na escola às necessidades das famílias e simultaneamente de garantir que os tempos de permanência na escola são pedagogicamente ricos e complementares das aprendizagens associadas à aquisição das competências básicas”.
Há um alargamento do horário escolar das crianças do 1º Ciclo (até às 17.30) preenchido pelas actividades de enriquecimento curricular, tais como actividades de apoio ao estudo; ensino do Inglês e de outras línguas estrangeiras, actividade física e desportiva; ensino da música e de outras expressões artísticas.
Mas ainda temos as horas que antecedem e precedem este horário escolar e as interrupções lectivas. O que fazer?
Conheci uma escola em Sintra, JI+EB1 Castelinhos pertencente ao Agrupamento de Escolas Visconde de Juromenha, com um departamento denominado Componente de Apoio à Família (C.A.F). 
Este serviço é promovido pela Câmara, neste caso pela Câmara de Sintra e pela Direcção Executiva, em parceria com Associações de Pais. As crianças que frequentam a C.A.F são aquelas cujos pais se encontram em actividade profissional antes e após o período lectivo. Nele desenvolvem, gratuitamente, actividades formativas e ocupacionais que permitem optimizar e gerir o seu tempo extra-escolar, através de actividades lúdicas, pedagógicas e didácticas. Algumas crianças beneficiam ainda de alimentação e de transporte.
Segundo informação do site da Câmara Municipal de Sintra, a Câmara “disponibilizou mais de meio milhão de euros aos agrupamentos de escolas e associações de pais, verba destinada à implementação de projectos educativos, prolongamento de horário e recursos humanos.”
Uma verba significativa, mas ainda insuficiente face às necessidades do Concelho, que certamente será agravada, dada a conjectura económica e social do nosso país.
Questiono o que acontecerá a estas famílias se as escolas virem, no próximo ano lectivo, diminuídos ou até mesmo congelados os apoios financeiros. O que acontecerá às crianças em idade escolar se perderem este serviço, claramente essencial? Como ocuparão o seu tempo e sob que vigilância?
O abandono escolar, o insucesso na aprendizagem, os problemas comportamentais e sociais serão seguramente algumas das consequências, demasiado pesadas para a nossa sociedade. Por isso é fundamental que, também neste ponto, os governantes equilibrem bem os pratos da "balança" e tomem as decisões acertadas, centrando-se nas necessidades das crianças e famílias, de forma a garantir a qualidade de Educação a qualquer cidadão.



1 comentários:

Zé Maria 13 de julho de 2010 às 09:19  

Penso que este tema se relaciona com um problema muito mais vasto, cuja solução é também política, mas que não se coaduna com os ciclos eleitorais: o problema é o planeamento geográfico e urbano do país. Enquanto continuarmos a empurrar toda a gente para um modelo macrocéfalo, em que toda a gente mora na periferia das grandes cidades do litoral, trabalhando dentro delas, não será prolongando os "prolongamentos" que vamos resolver o problema. A vida das pessoas está a tornar-se um inferno e não me parece que vá melhorar.
O que seria verdadeiramente urgente fazer era a povoação urgente de todo o território nacional (em lugar do actual estrangulamento da vida do interior), de forma a que as pessoas fossem a pé para o trabalho e não morressem todos os dias mais um bocadinho nas filas intermináveis do trânsito.
O actual modelo não tem saída, até pelo que significa em consumos de combustíveis.
Eu fugi dessa vida. Perdi muitas coisas, mas deixei praticamente de precisar do carro, venho almoçar a casa e tenho tempo para os miúdos.
Beijinhos.

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