Sophia...no caminho do mar!

sábado, 3 de julho de 2010


Este livro de Fernando Pinto do Amaral, com ilustrações de Fernanda Fragateiro, conta aos mais pequenos quem foi Sophia  Mello Breyner Andresen. A vida de Sophia, a sua infância, a história da sua família e as razões que a levaram a escrever para crianças, são aqui contadas de forma simples, através de uma viagem pelos diversos contos que nos deixou.


Igualmente simples, mas belas, são as ilustrações. Ao contemplá-las, temos a noção exacta que entrámos no mundo de Sophia.



Há muito que Sophia ocupa um lugar de relevo no universo dos meus livros. Agora, ocupa-o também, na já vasta biblioteca do meu filho. Estranhamente, cheguei a Sophia já  na minha adolescência e sempre considerei isso uma perda! Como é normal, cuidei de evitar que ao meu filho sucedesse algo parecido. Para além da leitura dos vários contos, muitas vezes o nosso quotidiano é invadido por conversas e situações decorrentes dos livros de Sophia. E o nosso imaginário também...  


Depois de termos lido o Rapaz de Bronze, e quando estávamos a meio do Cavaleiro da Dinamarca, lembro-me de uma conversa em que lhe disse que o que sempre me fascinou  em Sophia é a intensidade com que ela nos faz sentir e querer coisas tão contraditórias. Tanto nos desassossega, acordando em nós um desejo enorme de viajar, como nos enche de paz, levando-nos a sentar na quietude do jardim, apenas para olhar as árvores e as flores que o habitam.



De todos os contos de Sophia, o preferido do meu filho é o Rapaz de Bronze. A história fascinou-o! Embora saiba que ele gostaria de lhe mudar o final... e o rapaz deixaria de ser de bronze! A avidez com que o lemos e a forma como lhe foi remexendo sentimentos deixou-nos a vontade de fazer algo mais para além da sua leitura. Pesquisámos árvores e flores no mesmo tempo em que Sophia as descreve de modo inigualável. Fizemos o nosso próprio livro.Tecemos a nossa teia de cumplicidades com Sophia...




E, a propósito de cumplicidades, recordo que a Fada Oriana foi dos primeiros contos que lemos em conjunto. Dele, o meu filho sempre reteve a imagem daquele "peixe malvado" que levou Oriana a esquecer a sua promessa.
Quando, mais recentemente, lemos o Segredo do Rio, de Miguel Sousa Tavares, expliquei-lhe que o autor era um dos filhos de Sophia, uma das crianças para quem ela escreveu.

E ele achou que devia apresentar o peixe do Segredo do Rio a Oriana, para que ela percebesse finalmente que nem todos os peixes são vaidosos e maus...





Sophia morreu há precisamente seis anos. Mas estará sempre por cá, no caminho do mar.











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